As transformações da diplomacia contemporânea

Nesta coluna, o professor Alberto do Amaral analisa o papel da diplomacia contemporânea e de como esta pode contribuir para a melhoria do mundo atual. De acordo com ele, a diplomacia é uma atividade fundamentalmente moderna e consiste em um envio de indivíduos que representam um governo a outro Estado para ali representar os seus interesses. Dessa forma, o diplomata deve efetuar a comunicação entre o governo que representa e o governo estrangeiro. “Mas esta não é uma comunicação qualquer, esta é uma comunicação que é pautada pelos interesses de um governo, pelas formas como o governo quer ver representados os seus interesses no exterior”.
O colunista conta que, no século 19, com a ascensão dos governos democráticos, os diplomatas deixaram de ser príncipes ou nobres para ser funcionários burocratas, “burocratas no sentido grandioso ou nobre da expressão, que exerce uma função pública. E é fundamental observar que, no século 21, a diplomacia passou por grandes transformações, essas transformações já se anunciam desde a segunda metade do século 20. A primeira mudança é que nós vivemos em Estados democráticos, nos Estados democráticos há uma pluralidade de representação de interesses. Uma segunda função é a abertura da diplomacia para o exterior, a diplomacia não apenas negocia com grupos internos, mas negocia com grupos externos e, principalmente, com grandes poderes econômicos externos, as chamadas empresas transnacionais. O próprio Acordo de Paris sobre a mudança climática faz alusão expressa aos chamados stakeholders, uma expressão em inglês que alude a grupos econômicos, a conglomerados econômicos, empresas transnacionais e organizações não governamentais”.
 Há, contudo, uma outra especial função da diplomacia, que é a de cuidar não apenas dos interesses especiais de um Estado, mas a de cuidar de interesses gerais. “Nós vivemos numa época em que a paz e a sobrevivência do homem encontram-se gravemente ameaçadas; cabe ao diplomata sobretudo agir para a constituição das regras de coexistência da sociedade internacional. Essas regras de coexistência são essenciais para que floresça a cooperação e sem a cooperação não é possível que se atinjam metas como desenvolvimento sustentável e combate à mudança climática, sem a qual a humanidade não sobreviverá; portanto, a diplomacia continua fundamental. Mas ela é exercida não apenas pelo Estado nacional, mas também pelas outras unidades do Estado nacional. Ela se diversificou e tem que enfrentar novos e grandes desafios.”

Um Olhar sobre o Mundo
A coluna Um Olhar sobre o Mundo, com o professor Alberto Amaral, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107, ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

* Publicado originalmente em Jornal da USP.

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